Mais de 100 Milhões de Brasileiros Vivem com Privação de Saneamento, Aponta Estudo do Instituto Trata Brasil

Nordeste lidera as regiões mais afetadas, enquanto investimentos são apontados como solução para reversão do quadro.

 

Um estudo recente realizado pelo Instituto Trata Brasil revelou que mais de 100 milhões de pessoas no Brasil vivem privadas de serviços de saneamento básico. O levantamento, conduzido em 2022, destacou o Nordeste como a região mais afetada, com mais de 40 milhões de habitantes ou 39,5% da população em privação de saneamento.

Os critérios utilizados para avaliar a privação incluem situações em que a moradia não está conectada à rede geral de abastecimento de água, falta de regularidade no fornecimento de água ou ausência de reservatório para armazenamento, além da falta de conexão da residência ou banheiro à rede coletora de esgoto.

Embora a região Sudeste tenha apresentado o segundo maior número absoluto de pessoas privadas desses serviços, com 21,6 milhões, sua proporção relativa é a menor entre as regiões, representando apenas duas a cada dez pessoas. O Norte segue em terceiro lugar, com 15,9 milhões de pessoas em estado de privação, o equivalente a oito a cada dez habitantes.

Tanto no Sul quanto no Centro-Oeste, 15,9 milhões de pessoas vivem com alguma forma de privação, representando um a cada dois habitantes, índice semelhante à média nacional.

A presidente do Trata Brasil, Luana Pretto, destaca a necessidade urgente de investimentos tanto no acesso à água quanto na qualidade da distribuição e na implementação de políticas habitacionais que garantam saneamento básico adequado. Essas medidas, segundo ela, são essenciais para evitar a proliferação de doenças e beneficiar especialmente os jovens e pessoas com baixa escolaridade.

Percy Soares Neto, diretor executivo da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon), aponta a necessidade de uma decisão política para impulsionar os investimentos necessários no setor de saneamento. Ele destaca o Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado pelo Congresso Nacional em 2020, como uma iniciativa que visa melhorar os serviços no país e alcançar metas ambiciosas até 2033.

Em meio a esse cenário, a busca por soluções que garantam o acesso universal aos serviços de saneamento básico continua sendo uma prioridade, com a necessidade de mobilização de recursos e esforços por parte dos governos em todos os níveis para garantir uma qualidade de vida adequada para todos os brasileiros.