Pernambuco no Timão do Agro: Suape e Agricultura se Alinham para Destravar Logística e Exportações”

Porto de Suape
O Estado de Pernambuco vive um momento estratégico de articulação entre campo e porto. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca (SDA-PE) firmou parceria com o Complexo Industrial Portuário de Suape para lançar o “Pacto pelo Agro”, iniciativa com ambição de superar gargalos logísticos e elevar o agro pernambucano a um novo patamar de competitividade nacional e internacional.
A proposta prevê a criação de um comitê permanente de trabalho, englobando produtores rurais, técnicos, exportadores e a administração portuária. Esse grupo terá como missão mapear os obstáculos que impedem o escoamento eficiente da produção agrícola, pecuária e pesqueira, além de desenhar soluções imediatas e estruturais em médio e longo prazo. Entre os desafios já identificados, estão a melhoria da infraestrutura de docas e terminais, otimização do transporte interno de mercadorias, facilitação de acesso a insumos e modernização dos processos logísticos portuários.
Para os gestores estaduais, esse pacto representa mais que uma ação recente: é uma demonstração de compromisso com o futuro. Por parte do governo, a intenção é clara: garantir que o agro pernambucano ocupe posição de destaque também nos mercados externos, valorizando produtos como frutas, carnes e demais itens que precisam de logística refrigerada ou condições específicas de transporte.
Um dos marcos do acordo é a chegada de investimentos de peso ao porto: um novo terminal privado de contêineres e carga geral, comandado pela APM Terminals, previsto para operar dentro de alguns ciclos futuros, com aporte vultoso de recursos. Este terminal será 100% elétrico, uma inovação no contexto latino-americano, com tecnologias e estrutura voltadas à sustentabilidade, além de câmaras frigoríficas capazes de atender demandas específicas do setor agropecuário. Estima-se que ele absorva uma parcela significativa do fluxo portuário atual, o que pode gerar efeito multiplicador sobre preços, prazos e eficiência.
Além disso, Suape está recebendo investimentos complementares: construção de novos cais (numerados 6 e 7), implementação de terminal para granéis sólidos com capacidade expressiva de movimentação anual, estruturação de operações de exportação mais sofisticadas, especialmente para produtos que exigem refrigeração. Também se destaca o papel de empresas exportadoras que já utilizam o porto para escoar produção — em especial, carne bovina — com forte atuação internacional.
Porém, a proposta enfrenta desafios típicos de ambientes logísticos complexos. Será preciso coordenar múltiplos agentes — governo estadual, produtores, exportadores, operadores portuários —, superar barreiras de infraestrutura terrestre (rodovias, acesso ao porto), garantir regularidade de energia, segurança jurídica para investidores e mecanismos eficientes de controle sanitário e fitossanitário para exportações. Tudo isso exige não apenas recursos, mas gestão comprometida, acompanhamento constante e coerência nas políticas públicas.
O “Pacto pelo Agro” sinaliza uma virada de rota: sair do discurso e agir para que Pernambuco não fique à margem da expansão do mercado global de alimentos. Se executado com seriedade, poderá fortalecer cadeias produtivas locais, gerar empregos e agregar valor à produção rural. Para o Estado, o sucesso do projeto será medido não só pelo volume exportado, mas também pelo quanto o porte dos agricultores locais se elevará e pelo quanto a infraestrutura do porto se tornará instrumento de desenvolvimento, e não gargalo.
O pacto, portanto, é muito mais do que um acordo — é um teste de capacidade institucional para conectar o interior produtivo à logística que o mundo exige. Pernambuco aposta alto. O tempo dirá se o investimento, técnico e político, vai fazer jus às expectativas.